A UE estabeleceu que até 1 de janeiro de 2025, todos os Estados-membros e as suas regiões administrativas, devem ter sistemas de recolha seletiva para os resíduos têxteis. A 1 de janeiro de 2025 entrou em vigor a Responsabilidade Alargada do Produtor (RAP), exigindo que os Estados europeus implementem a recolha seletiva de têxteis no final da sua vida útil. Este passo visa reduzir a destruição de peças reutilizáveis e preparar o caminho para a massificação da reciclagem têxtil.

O que é a Responsabilidade Alargada do produtor e como afeta as marcas de têxteis e da moda?

O que é a Responsabilidade Alargada do Produtor?

A RAP é uma política ambiental que responsabiliza os produtores pela fase pós consumo dos seus produtos, incentivando práticas de reciclagem e reutilização. Definida pela OCDE, esta abordagem promove a integração de critérios ambientais no design dos produtos e transfere aos produtores a responsabilidade económica e operacional pela gestão dos resíduos.

O setor têxtil, um dos mais poluentes a nível global, será fortemente afetado. A RAP exige que as empresas minimizem a sua pegada ambiental, promovendo a reciclagem e a reutilização de resíduos têxteis. Regulamentos específicos evitam a exportação de resíduos sob pretextos inadequados, assegurando a sua gestão responsável.

Exemplos de Implementação na Europa
  • França: Sistemas RAP já estão em vigor, responsabilizando os fabricantes pela reciclagem e eliminação de produtos.
  • Países Baixos: Desde 2023, fabricantes e importadores financiam a recolha e reciclagem de resíduos têxteis.
  •  Itália: Uma proposta legislativa de 2023 exige que os produtores assumam os custos de recolha e promovam designs reutilizáveis e recicláveis.
  •  Suécia: Um projeto de lei para 2024 inclui sistemas de recolha liderados por marcas como a H&M.
Objetivos da REP

1. Recolha Seletiva: Criar métodos eficientes e mensuráveis para separar resíduos e facilitar a reciclagem.
2. Reutilizar e Reciclar: Alcançar metas de reutilização e reciclagem, reduzindo a pegada climática do setor têxtil.
3. Reparação e Remanufatura: Incentivar produtos que possam ser reparados ou remanufaturados, promovendo um ciclo de vida mais longo.

O Caminho para Portugal

A atualização da Diretiva de Resíduos, prevista para entrar em vigor a 1 de janeiro de 2025, tornará obrigatória a recolha seletiva de resíduos têxteis e a implementação dos regimes de Responsabilidade Alargada do Produtor (RAP). Este é um desafio significativo para Portugal, que deve alinhar as suas estratégias de gestão de resíduos com as metas definidas pela União Europeia. Tanto as autarquias como os produtores precisam de atuar de forma coordenada e célere para garantir que as infraestruturas essenciais estão operacionais a tempo e que os resíduos têxteis sejam devidamente geridos.

A transição para uma economia circular no setor têxtil não é apenas uma exigência ambiental, mas também uma oportunidade para modernizar a indústria, aumentar a eficiência dos recursos e minimizar os impactos negativos ao longo da cadeia de valor. A necessidade de ação é imediata, e o cumprimento dos prazos estabelecidos pela UE será determinante para assegurar um futuro competitivo e sustentável para Portugal e as suas indústrias.

Conclusão

A REP representa uma mudança significativa na forma como têxteis são produzidos e consumidos na Europa. As marcas devem adotar soluções circulares não só para cumprir as novas regras, mas também para responder às exigências ambientais e sociais. 2024 e 2025 serão anos decisivos para a circularidade no setor têxtil e da moda, marcando o início de uma transformação essencial para um futuro mais sustentável.

Fonte: recovo.co
Fonte: observador.pt